Toda empresa pensa em ser perene, em manter-se ativa em seu mercado de atuação. Suas equipes de trabalho são o que hoje chamamos de “cérebro de obra” (em substituição ao termo mão de obra). Mas, uma equipe é mais eficiente quando várias “cabeças” diferentes pensam juntas, certo?

Pois então. A diversidade é um tema antigo, mas atinge a realidade atual do universo empresarial. Vemos que um dos maiores desafios, nos dias atuais, é em relação a interação entre as diferentes gerações.

De um lado, o jovem com muito conhecimento em tecnologia, e, na outra ponta, a geração mais velha que tem um tempo diferente de aprendizado.

Mas, engana-se quem vê isso como uma falta. Aqui, vemos dificuldades de relacionamento (sem dúvidas), mas não há falta de conhecimento.

A empresa que consegue alinhar essa dificuldade entre o mais velho e o mais novo, sai na frente. A barreira mais evidente é a das novas tecnologias. A geração experiente tem mais medo, e isso influencia no avançar do conhecimento. O jovem não tem tanto medo de errar, ele vai e faz! Se errar, ele vai lá e corrige porque é mais ousado.

Vemos que outro grande desafio está alocado no RH.

Uma das barreiras desse setor é o pensamento de que o profissional tem prazo de validade. Ainda é frequente a situação em que a contratação só é válida para os (30-).

A mentalidade de quem está na área de recursos humanos tem que ser mais aberta, inclusiva, com um olhar holístico e muito, mas muito humano! Sem preconceito etário, olhando para o ser humano que está ali em sua frente apostando nele como um todo.

Se focarmos nas limitações, todos temos limitações. Inclusive quem está do outro lado recrutando. É uma responsabilidade muito grande, pois quem contrata precisa necessariamente ter uma noção muito clara e forte do que é a cultura e a estratégia da empresa que está contratando, e saber qual é o lado que a empresa quer evoluir. A empresa precisa levantar essa bandeira para chegar ao processo de recrutamento e seleção bem consistente, e maduro.

É aqui que chegamos a outro desafio, talvez o maior: a cultura da empresa.

Não adianta contratar um 60+ (ou, um 40+) para integrar uma equipe, se a empresa não estiver preparada para receber essa pessoa. É sofrer um rebote quando a pessoa entrar na equipe.

As grandes empresas de tecnologia que recrutam hoje só jovens já estão se mobilizando para a conscientização do recrutamento e seleção de mais velhos. Se focarmos nas áreas de telemarketing, você verá que uma grande maioria na contratação é de muitos jovens.

É preciso fazer um movimento cultural de mudança. É preciso mudar a mentalidade.

Se não mudarmos o cerne da empresa, onde está a cultura, o trabalho “inclusivo” do recrutamento cai por terra.

E vemos, cada vez mais, a importância do papel e da figura do gestor. É nele que concentra os hábitos e as condutas, reflexos da cultura da organização. Ele precisa estar preparado para lidar com uma equipe multigeracional, multicultural, diversa. É ele quem, de fato, vai fazer o trabalho de acolher quem chega à empresa (junto com sua equipe).

Nesse sentido, quando se pensa em uma equipe diversa, cada profissional tem suas qualidades e fragilidades. A empresa deve/pode estar preparada para desenvolver as competências técnicas. A competência tecnológica, por exemplo, pode ser treinada. É aproveitar o melhor que cada profissional pode entregar e treinar o que precisa ser melhorado.

Todo equipamento precisa de algum incremento, certo?

Por que os seres humanos não precisariam também? Ninguém nasceu sabendo, estamos todos em processo de desenvolvimento.

Mais do que isso, essas capacitações (vamos chamar de capacitação) é um desafio de equilíbrio, sabendo-se que deve se manter no mercado pela competitividade (não é isso que toda empresa almeja?) … E inclusive aproveitar esse profissional com o melhor que ele tem.

Voltamos ao início desse texto. Toda empresa pensa em perenidade, em permanecer atrativa e lucrativa ao longo dos tempos. Devemos pensar sem romantismo e entender que esse é o fim de qualquer organização – embora enfatizemos que isso deve ser feito de forma saudável.

Mas, nesse sentido, a nossa mensagem é de reforçar o quanto uma empresa pode ganhar quando pensa plural, diversamente, encontrando em cada profissional as suas melhores qualidades e englobando em suas equipes essa pluralidade.

Superando os desafios próprios da intergeracionalidade, espera-se que as organizações sejam mais inclusivas, criativas e saudáveis – e claro, lucrativas.

 

Artigo escrito com carinho por Carolina Correia e Solange Vilella

 

 

* CAROLINA CORREIA. Atua há mais de 12 anos na grande área da Comunicação e das Relações Públicas. Dedicou grande parte da sua jornada profissional à comunicação interna e à cultura organizacional. Além disso, trabalha desde 2018 com Governança Corporativa e Sucessão em empresas familiares. Acredita que toda comunicação é feita de gente para gente – independente da ferramenta e da tecnologia. Afirma que é por e para as pessoas (e graças a elas) que se transformou na profissional que é hoje.