E então, num passe de mágica, todos começamos a trabalhar em casa e embora tenhamos o maior conforto possível para uma vida no lar, poucos têm um local de trabalho realmente adequado para isso.

Muitos precisaram se acomodar em mesas de cozinha, com cadeiras plásticas ou temos até aquele exemplo amplamente divulgado na internet da pessoa que resolveu o espaço de trabalho utilizando uma tábua de passar roupas.

A situação de trabalho é fundamental para que a pessoa possa desenvolver todas as suas potencialidades, produzir mais e principalmente, se manter saudável ao longo do processo. E nem vamos entrar no que significa se manter saudável que nos renderia pelo menos três páginas de discussões. Apenas vamos considerar que se manter saudável significa manter o corpo, o intelecto e as emoções em condições para a pessoa viver da melhor maneira possível. Sem dores no corpo, ou favorecimento de patologias osteomusculares, sem estresse excessivo e sem desafios emocionais que levem ao Burnout.

E aí começamos a perceber que muito provavelmente, nosso lar tão querido, não contempla as condições ideais para que no final do dia nosso corpo esteja bem o suficiente, para que estejamos disponíveis para a família, para o lazer ou para o simples descanso. Sim, porque as dores nos impedem realmente de descansar.

Na juventude, o vigor físico, os ossos, músculos e cartilagens estão em um ritmo de renovação que auxiliam a reduzir o desgaste sobre o corpo. Após os 50 anos, essa renovação começa a ser insuficiente para garantir o bem-estar, especialmente após um dia inteiro em um posto de trabalho inadequado. E ao final da jornada diária há um risco enorme de termos dores nas costas, no pescoço, nos ombros, pernas e eventualmente até nos punhos. Ou seja… é um mal-estar generalizado.

Para reduzir esse risco não existe uma solução única e mágica.  É necessário que sejam adotadas soluções individuais e de infraestrutura no trabalho em casa.

As soluções individuais passam necessariamente por uma rotina de boa alimentação e exercícios físicos. Sim, em ergonomia também batemos nessa tecla. Porque os sistemas osteomusculares vão perdendo massa e vigor e apenas o exercício físico e a boa alimentação podem retardar esse processo. As perdas de massa muscular que acontecem com a idade, tornam o corpo mais frágil e esse sistema vai perdendo a capacidade de dar suporte aos ossos. As cartilagens sobrecarregadas começam processos inflamatórios que resultam nas diversas tendinites. E na condição de sobrecarga continuada, há um momento no qual o corpo não consegue mais se recuperar e então temos as osteoartrites, que causam um sofrimento contínuo, reduzindo a qualidade de vida significativamente.

Alongamentos, caminhada, musculação, ioga, pilates, dança, artes marciais… Vale qualquer atividade que mantenha todos os músculos trabalhados e fortes. E não é fazer só de vez em quando. É necessário manter frequência e disciplina.

Já sobre a infraestrutura, vamos considerar duas condições distintas. A primeira do trabalhador registrado em regime CLT e a segunda do trabalhador tipo pessoa jurídica ou autônomo.

Se você é funcionário em regime CLT, a empresa que você trabalha tem obrigação legal de fornecer as condições adequadas, desde a mesa, cadeira, aparelhos de tecnologia e instruções sobre a forma de utilizá-los. Essa obrigação está definida principalmente na Norma Regulamentadora 17 da SITRAB e nas diretrizes da Nota Técnica 17 do Ministério Público do Trabalho.

Há outros direitos relacionados a esses diplomas legais que você pode ver no link http://cresco.com.br/artigos/adequacoes-ergonomicas-em-trabalhos-em-home-office/ .

Se você é autônomo ou pessoa jurídica, não significa que você não está sujeito a esses riscos. Mas que a autorresponsabilidade pelo seu bem-estar bateu na sua porta. E essa autorresponsabilidade deve ser traduzida em fazer o possível com a estrutura que você já tem e pouco a pouco ir trazendo melhorias até que as condições de trabalho possam ser ideais. Sabemos que ter a condição ideal pode trazer algum custo e por isso vamos começar pelo básico.

Como ter postos de trabalho saudáveis em casa ou em qualquer lugar?

A intenção não é explicar algo específico para cada um, afinal ergonomia tem a ver com olhar cada pessoa antes de dar uma solução. Afinal, nossos corpos, modos de ser e “funcionar” são absolutamente únicos.

Mas vamos passar algumas dicas que podem fazer a diferença no bem-estar e qualidade de vida, reduzindo os riscos de lesões. Essas dicas valem para todos:

  • Ajuste seu posto de trabalho. Seja com a cadeira super ultra mega regulável ou com a cadeira de praia empilhável que você tem disponível, é fundamental que seu corpo esteja devidamente acomodado. Tenha a mesa na altura aproximada do seu cotovelo. Seus braços precisam fazer um ângulo aproximado de 90° com a mesa e os antebraços precisam ficar apoiados.
  • Se sua cadeira é dura ou muito baixa para a mesa, coloque uma almofada, travesseiro ou manta no assento. Você precisa acomodar bem seu quadril. Outra coisa muito importante, resista à tentação de ir deitando-se na cadeira colocando todo peso do seu corpo sobre a coluna sacral. O peso precisa ficar sobre os ísquios, que são aqueles ossinhos que temos no bumbum e foram projetados para segurar a carga corpórea.
  • Apoie a coluna lombar. Se sua cadeira não tem um ajuste ou uma curvatura adequada nessa área, improvise com almofadas fofas, mantas de soft ou qualquer coisa que possa te dar apoio sem te empurrar para frente. A cadeira precisa acomodar muito bem sua coluna lombar para que o peso seja mais bem distribuído.
  • Seus pés precisam ficar bem apoiados no chão. Uma dica para ver se o posto está adequado é, sente e veja para onde seus joelhos apontam. Se for para cima e você já ajustou seu braço na mesa, seu conjunto mesa e cadeira estão muito baixos para você. Caso o joelho esteja apontando para baixo, você precisa providenciar um apoio de pés.
  • Ergonomia não quer dizer que você precisa ficar todo o tempo sentado na mesma posição. Variação postural é fundamental, mas você deve ter predominância de tempo usando posições adequadas que não forcem articulações ou façam compressões que possam reduzir a circulação. Começou a forçar uma articulação, a parte do corpo começou a incomodar ou formigar, mude.
  • Por fim, a mais importante de todas as dicas gerais. Faça pausas. Encontre a sua medida, mas pare pelo menos 10 minutos a cada duas horas de trabalho. Alguns acadêmicos irão falar de 5 minutos a cada hora. Não importa, encontre o período que seja mais adequado para você e faça pausa. Levante, beba água, alongue, ouça uma música, vá alternando essas possibilidades em cada pausa. O corpo precisa, a mente então, nem se fala. Nossos processos cognitivos também precisam de pausa para arejar e nos dar impulso para a próxima “maratona” mental.

Seu corpo é o instrumento da sua vida!

E qualidade de vida começa com o autocuidado. Se possível, invista em uma infraestrutura que te possibilite a melhor condição de trabalho. Dura anos e reduz muito o risco de doenças osteomusculares relacionadas aos trabalhos em home office.


Autora convidada: Rosangela Cavalcante
Engenheira de Segurança do Trabalho, Ergonomista, Especialista em soluções HSE
Conheça mais sobre o trabalho dela, no site: https://cresco.com.br/


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