Trabalho colaborativo como perspectiva para a construção de um cenário positivo para pessoas com mais de 55 anos
A ênfase na questão do envelhecimento relacionada às questões de trabalho só passou a ser reconhecida a partir do século XVII, na Europa Ocidental, com a transição do feudalismo para o capitalismo. Foi assim que o envelhecimento das primeiras gerações marcou a associação entre velhice, pobreza e incapacidade.
A sua idade não impede que você tenha conhecimento, a sua mente sim! Diante desse paradigma, a melhor forma de manter a mente ativa é com a atualização, ou seja, o conhecimento para que nunca deixe a mente envelhecer.
Atualmente vivemos um mundo de transformação no trabalho, passamos da era do controle para a era de cultivar relações, coordenando nós mesmo o futuro. Isso significa que temos o poder da escolha, e de colocar os valores humanos no centro dos negócios.
A palavra trabalho vem do latim tripalium, termo formado pela junção dos elementos tri, que significa “três”, e palum, que quer dizer “madeira”. Tripalium era o nome de um instrumento de tortura constituído de três estacas de madeira bastante afiadas e que era comum em tempos remotos na região europeia. Desse modo, originalmente, “trabalhar” significava “ser torturado”.
A permanência por mais de 5 anos numa empresa foi considerada até recentemente como ‘acomodação’, mas o mercado de trabalhose transforma rapidamente. Não se deixe influenciar por momentos. Os modismos de gerações passam, e insisto que há jovens encantadores com sede de aprendizado, e prontos para trocar experiências e ensinar tudo que sabem sobre novas tecnologias. Fala-se muito em conflito entre gerações, mas o que vejo é o conflito entre a forma de trabalhar. E, novamente, acredito na natureza do equilíbrio entre as gerações.
Vivemos hoje no mercado de trabalho a era da cooperação e do compartilhamento. Pensando neste princípio da cooperação, a Melhor Idade pode e deve se apropriar deste tipo de trabalho. É na Melhor Idade que temos a carreira mais consolidada e mais maturidade, quando as ideias e colaborações são frutíferas, e os relacionamentos podem resultar em negociações e brainstorming mais produtivos. Tendemos a ouvir mais, a ter mais empatia e atenção à pessoa com quem estamos, e produzimos mais enquanto sociedade e seres humanos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS)definiu nos anos 80 saúde, não apenas como a ausência de doenças, mas como um complexo bem-estar biológico, psicológico e social, pensando no ser humano como um todo, como descrito em meu artigo anterior.
“Segundo Gramigna, o trabalho compartilhado leva a aumentar as características autoconfiantes como: trazem a ousadia e determinação; capacidade de se abrir com pessoas compartilhando suas dificuldades; Se predispõe a receber um feedback positivo. Busca constante autoconhecimento, confiabilidade e trabalha com autonomia. Possui a crença no próprio potencial; tem foco na própria transformação mais que na mudança dos outros, pois é a primeira a mudar. Transcende as circunstâncias e busca o aperfeiçoamento; aprende com as lições do passado, e supera os seus próprios limites; esforça-se para fortalecer os valores internos com objetivo de influenciar positivamente o próximo. A confiabilidade, uma vez estabelecida, deve ser sustentada pela confiança permanente.”
Os colaboradores com mais de 55 anos devem repensar o trabalho colaborativo, que surge na atualidade como opção e deve ser mais explorado por quem detém o conhecimento, usando a experiência a seu favor, construindo um relacionamento e networking de fato.
Com a longevidade da população algumas empresas já começaram de forma inovadora a preparar os seus colaboradores da Melhor Idade para assumirem papéis de responsabilidade, pois confiam nas qualidades e habilidades desses profissionais para tornar o ambiente dinâmico.
Trata-se de um desafio falar sobre trabalho na Melhor Idade em nosso país, pois dependem de relações trabalhistas previstas em nossa desatualizada CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) em que pese relações de trabalho mais justas, tanto do ponto de vista do trabalhador quanto do empregador.
Deber &Simões, 1994, “A reinvenção da velhice: Socialização e processos de reprivatização do envelhecimento”, São Paulo: Edusp/Fapesp, 2004
Sávea de Oliveira Campelo e Paiva, “Envelhecimento, Saúde, e trabalho no tempo do capital”, Cortez, 2014
Maria Rita Gragmina, “Modelo de Competências e Gestão dos Talentos”, Pearson, 2007
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